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domingo, 5 de junho de 2011

O Arcadismo de Cláudio Manuel da Costa

O Arcadismo no Brasil teve início no ano de 1768, com a publicação do livro Obras, de Cláudio Manuel da Costa.
Nesse período, Portugal explorava suas colônias a fim de conseguir suprir seu déficit econômico. A economia brasileira estava voltada para a era do ouro, da mineração e, portanto, ao estado de Minas Gerais, campo de extração contínua de minérios. No entanto, os minérios começaram a ficar escassos e os impostos cobrados por Portugal aos colonos ficaram exorbitantes. Surgiu, então, a necessidade do Brasil de buscar uma forma de se desvincular do seu explorador. Logo, os ideais revolucionários começaram a se desenvolver no Brasil, sob influências das Revoluções Industrial e Francesa, ocorridas na Europa, bem como do exemplo da independência das 13 colônias inglesas.
Enquanto na Europa surgia o trabalho assalariado, o Brasil ainda vivia o tempo de escravidão. Há um processo de revoltas no Brasil, contudo, a mais eloquente durante o período árcade é a Inconfidência Mineira, movimento que teve envolvimentos dos escritores árcades, como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa.
Como a tendência é do eixo cultural seguir o econômico, os escritores árcades são, na maioria, mineiros e algumas de suas produções literárias são voltadas ao ambiente das cidades históricas mineiras, principalmente Vila Rica.
Das correntes artísticas do século XVIII, a que se difundiu com mais vigor no Brasil foi o Arcadismo. A palavra Arcadismo deriva da Arcádia, na Grécia antiga. Originalmente uma região onde se praticavam atividades pastoris, a Arcádia passou a ser cantada na poesia como um lugar idílico, um espaço privilegiado em que pastores-poetas dedicavam-se à criação de seus rebanhos e também às artes da palavra: andariam pelos campos tocando sua lira ou flauta, cantando em versos seus amores e saudades.
O Arcadismo foi um movimento de insubordinação à estética barroca decadente. Usou a simplicidade e se pautou em idéias pastoris. Pastoralismo é a doutrina que defende que o homem é puro e feliz quando integrado na natureza. Foi bucólico. Bucolismo é o gosto pela vida dos pastores, campos e atividades pastoris, é reviver a Arcádia. A poesia só é verdadeira se referenciada à natureza. Por isso, é que esta aparece com frequência idealizada e deslocada. Foi nativista. Nativismo é a exploração de paisagens e atividades brasileiras.
Foi subjetivo, explorando os sentimentos íntimos e estados de espírito melancólicos e mórbidos, aflorando a sentimentalidade e os dramas individuais. Explorou satiricamente a realidade burguesa, incorporando elementos do cotidiano mais imediato.
Cláudio Manuel da Costa, também conhecido como Glauceste Satúrnio, foi um dos principais nomes deste período. Foi poeta e ativista político, lutando entre os idealistas da Inconfidência Mineira. Nasceu em Mariana, MG, em 5 de junho de 1729. Estudou no Rio de Janeiro e em Coimbra. Em 1768, publicou Obras, livro de poemas considerado o marco inicial do Arcadismo brasileiro. Envolveu-se com a Inconfidência Mineira, submetido a interrogatório, fez declarações que comprometiam seus amigos, entre eles Tomás Antônio Gonzaga. Preso e deprimido, suicidou-se na prisão, em 4 de julho de 1789.
A poesia lírica é a parte mais representativa de sua obra, principalmente os sonetos. Produziu o poema épico, Vila Rica, publicado somente em 1839.

Temei, Penhas...

Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra meu coração guerra tão rara
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano;

Vós que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei: que Amor tirano
Onde há mais resistência mais se apura.

Nesses diazinhos frios nada melhor que um pouco de literatura para nos fazer companhia e nos ajudar a fazer nossa mente vagar por outros mundo, repletos de fantasia e amor... Aproveitem! Fica aí mais essa dica! Espero que gostem!
Que possam vagar por mundos novos e que quando voltarem queiram mais e mais
viagens belo e maravilhoso pelo mundo da Literatura!
Beijinhos a todos...


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